Havia conhecido Jennifer no primeiro dia cheguei a Vila Verde. Ela
quase morreu. Isso me fazia curiosa: por que ela passou mal? Será que o pó que
tinha ficado em minha roupa quando a ajudei, era droga?... Essas perguntas me
deixavam muito preocupada.
Mais próxima da pista de skate, a vi em companhia de mais duas
meninas, todas com shorts extremamente curtos. Jennifer estava com uma blusa
verde que mal escondia seus seios. Era branca, com cabelos pretos que não
passavam dos ombros. Seus lábios chamavam atenção pelo forte batom vermelho,
completados com sombra preta nos olhos. Possuía uma pintinha preta em baixo do
nariz e sua face demonstrava que se tratava de alguém insaciável. Seu corpo era
muito bem definido, e com o short que estava seu bumbum chamava muita atenção. Ouviam
uma musica que me parecia ser um “funk”. Suas duas amigas estavam sentadas,
enquanto Jennifer “requebrava até o chão”.
Não sabia bem o que falar, mas estava decidida a entender melhor.
Assim que me aproximei, as três me olharam. Uma delas, que estava sentada,
perguntou:
- Quem é essa? – Reconheci que quem questionara era a garota
branca de cabelos castanhos, mais uma dos que estavam presente na noite
passada.
- Jennifer. –Chamei.
Nesse momento espantaram-se. “Como ela sabe seu nome?” era o que
pareciam estar pensando.
- Podemos conversar um momento? –Eu tinha de insistir.
Elas por sua vez, Jennifer e a branca de cabelos castanhos,
trocaram olhares demonstrando que sabiam exatamente quem eu era e do que trataria.
- Te conheço? –Sentia que ela queria me afastar.
- Tem certeza que não se lembra?
Suas amigas me olhavam agora com nojo. Jennifer, por sua vez veio
até mim.
- É sobre ontem à noite, né?
- Sim. Você quase morreu. O que lhe levou a ter aquela reação?
- Não te devo explicações. Valeu
mesmo por ter me ajudado, mas não quero papo contigo.
- Mas...
- Mas nada. –Jennifer voltou para onde estava com as amigas assim
que finalizou. Sara retornou a ir pra casa, frustrada agora.
...
Olívia
era uma jovem com longos cabelos loiros e lisos. Sua boca tinha lábios
avermelhados tão perfeitos que era desejada por toda escola junto com Lorena, que
possuía os cabelos pretos ondulados mais perfeitos de toda Vila Verde. Ambas eram
brancas e magras, como duas modelos. Estavam ainda indignadas e foram para casa
de Dennis, o amigo favorito em comum das duas, pois era extremamente fofoqueiro
e amava bajula-las, como um seguidor fiel.
-
Dennis! Dennis! –Gritei com uma voz mimada.
- Oi fofas. –Respondeu abrindo a porta todo
sorridente. Dennis era afeminado, sempre disposto a falar mal de alguém, causar
brigas, ou infernizar os outros. Era branco com cabelos pretos partidos, de
estilo “emo” e tão esquelético que chegava lembrar um louva-a-deus. Morava sozinho
com sua avó.
- Temos uma emergência. Afirmou Lorena séria. Em seguida
entramos em sua casa e demos inicio ao que fazíamos de melhor: fofocar.
- O que houve?
- Há uma nova “vadia” na área. –Afirmei.
- Jura? Quem é a nojenta?
- Sara.
- Sara?
- Ela é nova na cidade. Completou Lorena.
- A conhecemos hoje de manhã quando fomos renovar
nossa matrícula no instituto.
- O que têm a dizer dela?
- Branca, loira, usa um rabo de cavalo horrível,
provavelmente pela marca barata de cosméticos que compra ou ganha. Infelizmente
não é gorda e é extremamente sonsa. A voz dela dá vontade de vomitar. Fala como
se fosse um anjo, uma santa. –Minha ironia e repúdio pra falar dela era total.
- Aposto “pegou” todos de onde veio! Falou Dennis
com escárnio.
- Pois é! As sonsas são as piores. –Sara era
daquele tipo de pessoa que me perguntava por que estava respirando.
- De onde ela é?
- É de Hopecity.
- O QUE?! Escandalizou-se Dennis. –É uma morta de
fome!
Assim que terminou, caímos em profunda crise de
risos.
- E coloque pobre nisso. Não teve dinheiro nem para
pagar um hot-dog. –Continuei ainda sufocada pelas gargalhadas. Percebi, porém,
que Lorena não deu uma só risada.
- O que houve musa? Está triste. -Dennis nos
chamava por apelidos carinhosos. Esse era o de Lorena.
- A nojenta conheceu o Vinicius. –Era tão vadia que
estava fazendo minha amiga triste.
Dennis fez uma rápida expressão de espanto, a
abraçou e ficou nos elogiando.
- Ele não é fofo? – O amávamos justamente por isso.
Concordava sempre conosco e odiava nossas inimigas. Sara era a nova adversária.
- Precisamos nos livrar dela. Não quero correr o
risco de não conseguir pelo menos ficar
com Vinicius. Afirmou Lorena desfazendo o abraço.
Nesse momento tive uma ideia brilhante.
- Antes que vocês me agradeçam, eu sei o que vamos
fazer.
- O que? Perguntaram curiosos.
- Sara será novata no instituto. Certo?
- Certo.
- O que os veteranos fazem com os calouros?
Eles
ficaram pensativos. Como não iria ter paciência de esperá-los, fui direta.
-
Trotes.
- Trotes? Ai meu Deus! Como não pensamos nisso?
- O que seria de vocês sem mim? – Tinha de me
achar. Eles eram muito burros ás vezes, mas como eu era muito inteligente,
estavam seguros.
- Podemos acessar o “facebook” dela. Aposto que tem
fotos horríveis. –Dennis era uma resenha, porém pensava como uma porta quase
sempre.
Ficamos então rindo e falando mal, todavia, Sara não
perdia por esperar.