Despertei com a forte luz solar em meu rosto. O
despertador marcava seis horas. Levantei-me e fui tomar banho. Assim que
acabei, desci. Todos estavam dormindo ainda. Tive uma ideia e exultei em
fazê-la: passear. Abri a porta devagar e sai.
As ruas estavam ainda vazias, povoadas apenas pelos
pássaros. Fui em direção ao parque central, cujo havia visto ontem.
No caminho, reencontrei o garoto que havia nos pedido socorro. Ao me ver, ele abaixou a cabeça e apressou-se.
No caminho, reencontrei o garoto que havia nos pedido socorro. Ao me ver, ele abaixou a cabeça e apressou-se.
Pensei e repensei em falar com ele, mas decidi ficar
quieta. Porém ainda me inquietava o que estariam fazendo antes da Jennifer
ter passado mal.
Finalmente cheguei ao parque. Ele era enorme e o
lugar natural mais bonito que vi na cidade. A conexão que sentia com a natureza
naquele momento era muito boa. Sentia paz e alegria. Corri um pouco, girei e me
joguei na grama. Foi quando ouvi uma gargalhada.
Olhei rapidamente e vi que era um rapaz branco quem
ria de mim.
- Já veio a uma cidade alguma vez na sua vida?
Toda minha paz e alegria foram embora. Estava tão
envergonhada, que nem respondi. Fui indo embora o mais rápido que pude.
- Ei! Ei! Gritou ele e veio correndo em minha
direção até que parou na minha frente.
- Olhe, me deixa em paz!
- Desculpe, não falei pra te ofender. É que foi
engraçada a cena.
Agora que estava mais perto notei que tinha cabelos
pretos e olhos azuis encantadores.
- Não imaginei que teria companhia.
- Nem eu. Venho aqui todas as manhãs, mas nunca
encontro com ninguém. Pelo menos não nesse horário.
Ri ainda pouco envergonhada.
- Você é novata aqui, não é? Nunca a vi.
- Sou sim.
- Prazer em conhecê-la. Me chamo Vinicius.
- Eu sou Sara.
Assim que apertei sua mão, vi que seu relógio de
pulso marcava seis horas e quarenta minutos.
- Ham! Devo estar atrasada!
- Atrasada?
- É. Meus tios vão me matricular hoje no instituto
Richard Caned.
- Relaxe, estudo lá há um ano. Farão sua matrícula
rapidinho, além de atenderem no período vespertino.
- Mas meus tios ficarão chateados.
- Não fique tão preocupada. Se você quiser eu posso
te levar lá.
- Em casa? Não, obrigada.
- No instituto. Eu não me matriculei ainda mesmo.
- É muito gentil de sua parte, mas tenho que recusar.
- Eu insisto, serio.
Seria muito estranho dizer sim, mas como conhecia
poucas pessoas na cidade, resolvi aceitar.
- Então tá. -Fui indo embora.
- Que tal dez horas aqui?
- Aqui?
- É.
- Pode ser.
- Pois bem. Até mais.
- Até.
Fui para casa apressada e prevendo o que diriam meus
tios. Cheguei altamente desconfiada.
- Onde estava, Sarinha?
- Eu acordei cedo. Vocês estavam dormindo e resolvi
passear. –Falei bem rápido. Esperei uma bronca, como minha mãe costumava fazer.
- E passou todo esse tempo passeando? Indagou Beatriz com um tom de insinuação.
- Me desculpe, tio Eddy. - Não
daria o gosto de respondê-la.
- Sem problemas, querida.
Respondeu calmo, demonstrando acreditar em mim. Fiquei aliviada.
Respondeu calmo, demonstrando acreditar em mim. Fiquei aliviada.
- “Sorry”, mas só eu acho que ela tava se pegando com algum menino?
- Quem você pensa que eu sou? Você?
- Você já se lavou, Beatriz? Esta na hora!
- Já disse que você não é meu pai, logo você sugere,
não manda.
- Podemos conversar depois, Sara?
Meu tio me chamou de Sara? Ele deveria estar
chateado. Odiava a forma como ela o tratava.
- Claro que sim. - Em seguida subi para meu quarto.
Fiquei pensando naquele garoto. Quem realmente
seria? Deveria me encontrar com ele de novo? Conclui que sim.
Nem precisei contar as horas pois passaram como
vento. Troquei de roupa e desci.
- Estamos indo fazer a matricula Sara, vai ir
agora?
- Eu irei com um amigo.
-Amigo?Não disse que está ficando com alguém!
- Beatriz, por favor, pare com isso. Pedi.
Meus tios ficaram muito duvidosos e desconfiados,
ainda sim me permitiriam ir. Peguei meus documentos e as dez em ponto estava na
frente do parque. Alguns minutos se passaram e nada dele. “Deve ter se
atrasado. Acontece.” Pensei. Todavia passou-se meia hora, deu onze horas e nenhum sinal dele. Percebi então que não se tratava de atraso e sim “bolo”.
Fiquei decepcionada, pois acreditava que aquela
manhã acabaria de outro jeito. Não sabia se meus tios estavam em casa então
tudo que poderia fazer era ir eu mesma matricular-se, afinal possuía o necessário.
Entretanto onde ficava o instituto?
Por sorte, passavam duas meninas com aparência de
uns 16 anos, brancas, sendo uma loira e uma morena.
- Com licença! Vocês podem me informar onde fica o instituto
Richard Caned?
- Fica há alguns quarteirões daqui, por quê? Indagou
à loira.
- Quero me matricular.
Elas me olharam, como se tivessem tentando
se lembrar de mim.
- Não sou daqui.
- Hum.
- Podemos ir com você até lá, se quiser. Sugeriu a
morena.
- Adoraria.
Partimos assim que eu confirmei. Sentia-me um pouco
estranha andando com elas, devido inicialmente estarem muito bem vestidas e
maquiadas e depois por que não tínhamos assunto.
- Qual seu nome? Perguntaram.
- Me chamo Sara.
- Nós somos Olívia e Lorena.
Olívia era uma loira muito elegante. Lorena tinha
cabelos longos e tão bem cuidados que tinham certo brilho.
- De onde você é? Perguntou-me Olívia.
- Hopecity.
- Oi? Nunca ouvi falar. Exclamou Olívia.
- Quer dizer cidade da Esperança. Acrescentei.
- Esperança só no nome, pois está mais pra uma
mega periferia! A cidade é miserável. Declarou Lorena.
Aqueles comentários começaram a me ofender.
- Não é tão pobre quanto pensam.
- Você se ofendeu com nossos comentários? Nossa!
Desculpa. Não era a intenção. Afirmou Olívia.
- Tudo bem.
- Você vai amar o instituto. Ele é enorme, com
quadras, laboratórios, piscinas olímpicas e muitas outras coisas.
- Deve ser lindo mesmo.
- Os professores também são de ótima qualidade. -
Acrescentou Lorena- É demais estudar lá. Você vai ver.
Conforme fomos conversando, o tempo passou e breve
chegamos.
- É aqui.
O lugar,
vendo de fora, era um edifício majestoso de cor marrom claro, extremamente
lindo e bem feito em cada detalhe. Tinha vários andares com janelas de cor
preta e textura meio áspera impecável. Era muito belo.
- Vamos entrar! Gritou Olívia e agarrou minha mão.
Por dentro era mais lindo ainda. Havia tantos
corredores e escadas que se não estivesse com elas certamente me perderia. Mostraram-me
onde ficava a biblioteca, o ginásio, o laboratório e me levaram até a sala onde
se faziam as matriculas. Fizemos em questões de minutos. Elas no caso,
renovaram. Por fim fomos à lanchonete.
- Você vai adorar o cachorro quente daqui. Afirmou
Lorena.
Percebi que não havia trago dinheiro, logo não
poderia provar.
- O que desejam senhoritas? Perguntou a funcionária.
- Três hot-dogs. Respondeu Olívia, piscando pra mim
em seguida.
Nesse momento me senti mais mal ainda. Elas
acreditavam que dispunha das mesmas aquisições que elas, porém estavam
enganadas. Eu no momento não tinha dinheiro nem para comprar um cachorro
quente.
- Sara! Ouvi uma voz me chamando, todavia, antes que
eu me virasse, ele chegou. Era Vinicius.
- Oi. Respondi.
Olívia e Lorena ficaram abismadas. Olhavam como se
algo sobrenatural acontecia diante delas. Inquietei-me com isso, mas Vinicius
logo cortou.
- Desculpe não ter ido lhe pegar. Meu carro quebrou.
- Sem problema.
- Nos vemos por ai então?- Respondi balançando cabeça.
- Sendo assim até logo.
Mesmo depois que Vinicius se foi, Lorena e Olívia
trocavam olhares intrigantes.
- Como vocês se conheceram? Perguntou Olívia.
- Ele iria lhe trazer no
carro dele? Indagou Lorena em seguida.
As duas aparentavam estar indignadas. Os hot-dogs
chegaram nesse instante.
- Nos conhecemos hoje de manhã.
- Onde?
- No parque central.
- No parque? Questionou Olívia com certo nojo.
- Onde não importa. Ele iria trazê-la no carro dele!
Exclamou Lorena com indignação.
- Meninas eu não estou entendendo por que estão
agindo assim.
- Você é novata queridinha, por isso que não
entende.
- Grande “merda” você falou. É o seguinte
Sara: Vinicius é o menino mais rico, inteligente, simpático e o segundo mais
bonito da escola. Se bem que pra mim o primeiro lugar é dele.
- Nossa...
- Lorena é apaixonada por ele!
- Eu não!
- É sim.
Enquanto elas discutiam se Lorena amava-o ou não,
fiquei pensativa. O menino mais rico da escola foi o que eu conheci hoje de manhã? Estava surpresa.
- Sara?
- Oi.
- Parecia estar aérea...
- Estava mesmo.
- Você não está achando que ele gostou de você, não
é?
- Lorena! Repreendeu Olívia, mas riu muito em
seguida.
- Jamais. -Respondi.
- Pareceu.
A esta altura já era muito desconfortável estar com
elas.
- Não vai comer seu hot-dog?
- Perdi a fome.
- Pois... pelo preço que custa, eu não deixo nem um pedacinho.
- Olívia é morta de fome! Ironizou Lorena rindo.
- Meninas me perdoem mas eu não...
- São apenas seis reais, queridinha.
Que vergonha estava passando, contudo precisava
falar:
- Eu não tenho dinheiro aqui. Eu não achei que
precisaria.
Elas ficaram me olhando como uma golpista. Em
sequencia trocaram olhares que tinha certeza que pensavam a mesma coisa sobre
mim.
- Eu pago por você. Não se preocupe com isso. Acontece
com todo mundo.
Olívia pagou por mim e saímos. Eu fiquei muito mal pelo
constrangimento ao qual nos submeti.
- Me perdoem. Sério.
- Relaxe. Acontece com todo mundo.
- Isso é muito lindo da sua parte, Olívia. Agradeci
mais aliviada.
- Que nada.
Lorena ficou calada e parecia estar se prendendo
para não ri. O motivo deveria ser minha falta de dinheiro.
- Temos que ir agora, Sara.
- Certo. Até amanhã.
- Até. Responderam e foram embora.
Nesse instante Beatriz apareceu.
- O que estava fazendo com elas? São amigas agora?
- Não, por quê?
- Não importa. Só reforça a ideia de que você veio
para destruir minha vida.
- Eu não vou perder meu tempo discutindo com você.
- Perder tempo? Tenho é pena de mim, por ter
começado uma conversa com alguém tão desprezível.
Virei às costas e fui embora. Segui o corredor em
que estava até encontrar novamente a biblioteca. Lembrei-me que se vi Beatriz,
meus tios já estariam em casa.
Assim que deixei o instituto, fiquei em duvida entre
que rua levaria a casa dos meus tios. Havia duas: a Rua Primavera e a Avenida
do Outono. Observei que quase tudo na cidade tinha relação com a
natureza.
Segui na Avenida do Outono. Não muito caminhei e vi
uma pista de skate, com vários skatistas fazendo todas aquelas manobras
radicais. Entre eles estava Jennifer, a menina que passou mal na noite anterior.
Pensei em fazer como fiz com Anderson, o que vi logo
cedo. No entanto, a curiosidade estava me matando e não podia agir como se nada
aconteceu. Fui até onde se encontrava.
Pessoal, sintam-se a vontade em fazer comentários, criticas, principalmente sobre os personagens. Por favor, respondam as enquetes.
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